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— A jaty fabrica o mel no tronco cheiroso do sassafraz; toda a lua das flores vôa de ramo em ramo, colhendo o suco para encher os favos; mas ella não prova sua doçura, porque a irara devora em uma noite toda a colmeia. Tua mãe tambem, filho de minha angustia, não beberá em teus labios o mel de teu sorriso.

A jovem mãe passou aos hombros a larga faxa de macio algodão, que fabricára para trazer o filho sempre unido ao flanco; e seguiu pela areia o rasto do esposo, que há tres sóes se partira. Ella caminhava docemente para não despertar a creancinha, adormecida como o passarinho sob a asa materna.

Quando chegou junto ao grande morro das areias, vio que o rasto de Martim e Poty seguia ao longo da praia; e adivinhou que elles erão partidos para a guerra. Seu coração suspirou; mas seus olhos secos buscarão o semblante do filho.

Volve o rosto para o Mocoribe:

— Tu és o morro da alegria; mas para Iracema tu não tens senão tristesa.

Tornando, a recente mãe pousou a creança sempre dormida na rede de seu pae, viuva e