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— Iracema!. . .

A triste esposa e mãe soâbrio os olhos, ouvindo a voz amada. Com esforço grande, pode erguer o filho nos braços, e apresenta-lo ao pae, que o olhava extatico em seu amor.

— Recebe o filho de teu sangue. Chegaste a tempo; meus seios ingratos já não tinhão alimento para dar-lhe!

Pousando a creança nos braços paternos, a desventurada mãe desfalleceu, como a jetyca si lhe arrancão o bulbo. O esposo vio então como a dôr tinha murchado seu bello corpo; mas a formosura ainda morava nella, como o perfume na flôr cahida do manacá.

Iracema não se ergueu mais da rêde onde a pousaram os afflictos braços de Martim. O terno esposo, em quem o amor renascera com o jubilo paterno, a cercou de caricias que encherão sua alma de alegria, mas não a puderão tornar a vida; o estame de sua flôr se rompera.

— Enterra o corpo de tua esposa ao pé do coqueiro que tu amaste. Quando o vento do mar soprar nas folhas, Iracema pensará que é tua voz que falla entre seus cabelos.