Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partio. Gotas de sangue borbulhão na face do desconhecido.
De primeiro impeto, a mão lesta cahio sobre a cruz da espada; mas logo sorrio. O moço guerreiro aprendeo na religião de sua mãi, onde a mulher é symbolo de ternura e amor. Soffreo mais d'alma, que da ferida.
O sentimento que elle pôz nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causára. A mão que rapida ferira, estancou mais rapida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada.
O guerreiro fallou:
— Quebras comigo a flecha da paz?
— Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meos irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca virão outro guerreiro como tu?
— Venho de bem longe, filha das florestas.