Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/57

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uma espessa baforada de tabaco; quando o fumo ae dissipou no ar, elle murmurou:

— Jurupary se esconda para deixar passar o hóspede do Pagé.

Araken voltou á rede e dormiu de novo. O mancebo tomou as suas armas mais pesadas que chegando suspendera as varas da cabana e se dispoz a partir.

Adiante seguio Cauby; a alguma distancia o estrangeiro; logo apoz delle Iracema.

Descerão a colina e entraram na mata sombria. O sabiá do sertão, mavioso cantor da tarde, escondido nas moitas espessas da ubaia, soltava os prelúdios da suave endeixa.

A virgem suspirou:

— A tarde é a tristeza do sol. Os dias de Iracema vão ser longas tardes sem manhã, até que venha para ella a grande noite.

O mancebo se voltara. Seu labio emmudeceu, mas os olhos falarão. Uma lagrima correu pela face guerreira, como as humidades que durante os ardores do estio transudão da escarpa dos rochedos.

Cauby avançado sempre, sumira-se entre a densa ramagem.