Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/59

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Na cabana silenciosa medita o velho Pagé.

Iracema está apoiada no tronco rudo, que serve de esteio. Os grandes olhos negros, fitos nos recortes da floresta e rasos de pranto, parece estão naquelles olhares longos e tremulos enfiando e desfiando os aljofares das lagrimas, que rorejão as faces.

A ará, pousada no giráo fronteiro, alonga para sua formosa senhora os verdes tristes olhos. Desde que o guerreiro branco pisou a terra dos Tabajaras, Iracema a esqueceu.

Os roseos labios da virgem não se abrirão mais para que ella colhesse entre elles a polpa da fructa ou a papa do milho verde; nem a doce mão a affagara uma só vez, alisando a dourada penugem da cabeça.