Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/77

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havia assanhado contra o estrangeiro, até que a voz de Tupan, chamada pelo Pagé, tinha pasiguado seu furor:

— A raiva de Irapuam é como a andira: foge da luz e voa na treva.

A mão de Poty cerrou subito os labios da virgem; sua falla parecia um sopro:

— Suspende a voz e o respiro, virgem das florestas; o ouvido ennemigo escuta na sombra.

As folhas crepitavão de manso, como si por ellas passasse a fragueira nambú. O rumor partido da orla da mata, vinha discorrendo pelo valle.

O valente Poty, resvallando pela relva, como o ligeiro camarão, de que elle tomara o nome e a vivesa, desappareceu no lago profundo. A agua não soltou um murmurio, e cerrou sobre elle sua limpida onda.

Iracema voltou á cabana; em meio do caminho perceberão seus olhos as sombras de muitos guerreiros que rojavão pelo chão como a intanha.

Araken vendo-a entrar, partio.

A virgem tabajara contou a Martim o que ouvira de Poty; o guerreiro christão ergueu-se de