Página:Iracema - lenda do Ceará.djvu/86

Wikisource, a biblioteca livre
XV

Nasceu o dia e expirou.

Já brilha na cabana de Araken o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céo, as estrellas, filhas da lua, que esperão a volta da mãe ausente.

Martim se embala docemente; e como a alva rêde que vae e vem, sua vontade oscilla de um á outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos affectos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

Iracema recosta-se langue ao punho da rêde; seus olhos negros e fulgidos, ternos olhos de sabiá, buscão o estrangeiro, e lhe entram n'alma. O christão sorri; a virgem palpita; como o sahy, fascinado pela serpente, vae declinando o lascivo talhe, que se prosta sobre o peito do guerreiro.