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librio; inutil, portanto, meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão.

Para que assentos, se a natureza os dotou de solidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam?

Nenhum talher. Não é a munheca um talher completo, colher, garfo e faca a um tempo?

No mais, umas cuias, gamelinhas, um pote esbeiçado, a pichorra e a panela de feijão.

Nada de armarios ou bahús. A roupa, guarda-a no corpo. Se tem dois parelhos; um que traz no uso e outro na barrella. Os mantimentos apaiola nos cantos da casa.

Inventou um cipó preso à cumieira, de gancho na extremidade e um disco de lata no alto: ali pendura o toucinho, a salvo dos gatos e ratos. Da parede pende a espingarda picapao, o polvarinho de chifre, o S. Benedito defumado, o rabo de tatu e as palmas bentas de queimar durante as fortes trovoadas. Servem de gaveta os buracos da parede.

Seus remotos avós não gozaram maiores commodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco. Para que? Vive-se bem sem isso.

Se pelotas de barro cahem, abrindo setteiras na parede, Jeca não se move a repol-as no logar. Ficam as janellinhas abertas para o resto da vida, a entremostrarem nesgas de céu.