Outro silêncio.
— Conheço alguém que a ama muito.
Cecília estremeceu e ficou muito corada; não respondeu nem se levantou. Para sair, porém, da situação em que as palavras de Magalhães a deixara, disse rindo:
— Essa pessoa... quem é?
— Quer saber o nome?
— Quero. É seu amigo?
— É.
— Diga o nome.
Outro silêncio.
— Promete não ficar zangada comigo?
— Prometo.
— Sou eu.
Cecília esperava ouvir outra coisa; esperava ouvir o nome de Oliveira. Qualquer que fosse a sua inocência, havia percebido naqueles últimos dias que o rapaz tinha queda por ela. Da parte de Magalhães, não esperava semelhante declaração; todavia, o seu espanto não foi de cólera, apenas surpresa.
A verdade é que ela não amava nenhum deles.
Não tendo a moça respondido logo, Magalhães disse com um sorriso benévolo:
— Já sei que ama outro.
— Que outro?
— Oliveira.
— Não.
Era a primeira vez que Magalhães apresentava um aspecto grave; penalizada com a idéia de que lhe houvesse com o silêncio causado alguma tristeza, que ela adivinhava, posto que não sentisse, Cecília disse ao fim de alguns minutos:
— O senhor está brincando comigo?
— Brincando! disse Magalhães. Tudo quanto quiser, menos isso; não se brinca com o amor ou o sofrimento. Já lhe disse que a amo; responda-me francamente se posso nutrir alguma esperança.
A moça não respondia.
— Não poderei viver ao pé da senhora sem uma esperança, embora remota.
— O papá é quem decide de mim, disse ela desviando a conversa.
— Pensa que eu sou desses corações que se contentam com o consentimento