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, de entanguida, não aparece e dorme talvez entocada.

Mas de verão, depois da quentura dos mormaços, começa então seu fadário.

A boi-tátá , toda enroscada, como uma bola — tátá, de fogo! — empeça a correr pelo campo, coxilha abaixo, lomba acima, até que horas da noite!…

É um fogo amarelo e azulado, que não queima a macega seca nem aquenta a água dos manantiais; e rola, gira, corre, corcoveia e se despenca e arrebenta-se, apagando… e quando menos se espera, aparece, outra vez, do mesmo jeito!

Maldito! T’esconjuro!

XI Quem encontra a boi-tátá pode até ficar cego… Quando alguém topa com ela só tem dois meios de se livrar: ou ficar parado, muito quieto, de olhos apertados e sem respirar, até ir-se ela embora, ou se anda a cavalo, desenrodilhar o laço, fazer uma armada grande e atirar-lha em cima, e tocar a galope, trazendo o laço de arrasto, todo solto, até a ilhapa!

A boi-tátá vem acompanhado o ferro da argola… mas de repente batendo numa macega, toda se desmancha, e vai esfarinhando a luz, para emulitar-se de novo, com vagar, na aragem que ajuda.

XII Campeiro precatado! reponte o seu gado da boi-tátá : o pastiçal, aí, faz peste…

Tenho visto!