se ainda, sem ovas e bons cascos, aprazia-lhe, tirava-o então, como seu, para o potreiro do piquete.
Olho de campeiro não errou vez alguma na escolha e trinta cavalos, a flor, foram apartados custando quarenta e cinco onças.
E enquanto a tropa verdeava e bebia, os tratistas foram para a sombra duma figueira que havia na bira da estrada.
Blau por debaixo do seu balandrau remendado, ainda desconfiado, começou a gargantear a guaiaca... e foi logo aparando onça por onça, uma, três, seis, dez, dezoito, vinte e cinco, quarenta, quarenta e cinco!...
O vendedor, estranhando aquela novidade e demora, não se conteve e disse:
—Amigo! As suas onças parecem todas de gerivá, que só cai uma de cada vez!...
Depois desses três dias de prova, Blau acreditou na onça encantada.
Arrendou um campo e comprou o gado, p’ra mais de dez mil cabeças, aquerenciando.
O negócio era muito acima de três mil onças, a pagar no recebimento.
Aí o coitado perdeu quase o dia inteiro a gargantear a guaiaca e a aparar onça a onça, uma atrás da outra, sempre uma a uma!...
Cansou-lhe o braço; cansou-lhe o corpo; não falhava golpe, mas tinha de ser como martelada, que não se dá duas ao mesmo tempo...
O vendedor, à espera que Blau completasse a soma, saiu, mateou, sesteou; e quando sobre à tarde voltou à ramada, lá estava ele ainda aparando onça traz onça...
Ao escurecer estava completo o ajuste.
Começou a correr a fama da sua fortuna. E todos espantavam-se, por ele, gaúcho despilchado de ontem, pobre, que só tinha de seu as chilcas,