Página:Lendas do Sul (Lopes Neto, 1913).pdf/63

Wikisource, a biblioteca livre

Elucidação

1 Serro do Jarau — Na Coxilha Geral de Sant’Ana, sobre a linha divisória com a República do Uruguai.
Fica um pouco ao N. da cidade de Quaraí, em campos da família Assumpção, de Pelotas. É o ponto culminante (...metros) daquela zona, sendo avistado de muito longe. No fim da guerra do Farrapos (1845) notaram-se sobre o espigão do Serro, e parecendo dele sair, grossos rolos de fumaça. É essa a primeira notícia que há do fenômeno.
Outras combustões registraram-se depois, notadamente por 1904, em que se disse mesmo que havia expulsão de vapores ígneos.

2 Salamanca — Furna encantada; provém a denominação da cidade de Salamanca, na Espanha, onde existia, diz-se, uma célebre escola de magia, no tempo dos Mouros. A seguir a tradição local, o célebre caudilho Bento Manoel deveu a sua sorte guerreira, política, de fortuna ao conchavo que ajustou na salamanca do Jarau. Antes dele, alguns, mas depois, nenhum outro aí obteve mais nada, desde — “que o serro pegou fogo” — quando acabou o encantamento.

3 Laus’ Sus’ Cris’! — Forma abreviada e estranha, é certo, porém expressiva da saudação — Louvado seja Jesus Cristo! Ouvimo-la inúmeras vezes, em nossa infância.

4 Boi barroso — É a vaga relembrança de um boi encantado, que aparecia porém nunca era encontrado por mais procurado que fosse; e também denominação de uma antiga dança camponesa, cuja música era ornada de versos que eram cantados durante o folguedo.

5 Anhangá-pitã — Literalmente, do tupi-guarani: diabo vermelho.

6 Teiniaguá — Idem: lagartixa. A teiniaguá encantada também era chamada — carbúnculo, farol — e trazia engastada na cabeça “uma pedra preciosa que cintilava como brasa e de cor de rubim...
Semelhante animal nunca puderam apanhar nem vivo nem morto, porque por suas irradiações desvia os olhos e mãos dos perseguidores”. (Rev°. C. Teschauer, S. J. na Rev. do Instº. do Ceará, 1911).