Página:Lendas do Sul (Lopes Neto, 1913).pdf/92

Wikisource, a biblioteca livre


Por que vinha aquele mal,
Se o pecado não havia?
O tributo se pagava
Se o vizo-rei pedia,
E, até sangue se mandava
Na gente moça que ia...

Eram armas de Castela
Que vinham do mar de além;
De Portugal também vinham,
Dizendo, por nosso bem:
Mas quem faz gemer a terra...
Em nome da paz não vem!

Os padres da encomenda
Faziam sua missão:
Batizando as criancinhas,
E casando, por união,
Os que juntavam os corpos
Por força do coração...

Do sangue dum grão Cacique
Nasceu um dia um menino,
Trazendo um lunar na testa,
Que era bem pequenino:
Mas era — cruzeiro — feito
Como um emblema divino!...

E aprendeu as letras feitas
Pelos padres, na escritura;
E tinha por penitência,
Que a sua própria figura
De dia, era igual às outras...
E diferente, em noite escura!...

Diferente em noite escura,
Pelo lunar do seu rosto,
Que se tornava visível
Apenas o sol era posto;