Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/262

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Assim de batalhas; assim de mil factos. Quem dá estas noticias? Quem as trouxe? Como se derramaram? Mysterio é esse, que ainda ninguem soube explicar. Foi um anjo? Foi um demonio? Foi algum feiticeiro? Mysterio. Não ha, nem haverá, talvez, nunca, philosopho que o explique; salvo se tal phenomeno é uma das maravilhas do magnetismo animal. Esse meio inintelligivel de dar solução a tudo o que se não entende, é acaso a unica via de resolver a dúvida. Se o é, ahi damos mais um osso a roer aos physicos do magnetismo.

Foi o caso: quando a cavalgada, de que fizemos menção no fim do antecedente capitulo, vinha descendo a encosta sobranceira á planicie do mosteiro, entre o povo que estava dentro da igreja, impaciente já pela demora do auto, começou-se a espalhar um sussurro, que cada vez crescia mais: o motivo delle não era facil sabe-lo: nenhuma novidade occorrêra; ninguem tinha entrado ou saido. De repente toda aquella multidão se agitou, remoinhou pela igreja, e principiou a borbulhar pelo portal fóra, como por bico de funil o liquido deitado de alto. Tinham sabido que elrei chegava, e todos queriam vê-lo descalvagar, porque D. João I, plebeu por herança materna, nobre por ser filho do D. Pedro I, rei eleito por uma revolução,