Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/56

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annos antes, o kalifa e o imperio da intentada revolução de Abdallah.

Tinham de feito passado onze annos desde os terriveis successos acontecidos naquella noite em que Al-muulin descobríra a conspiração que se urdia, e desde então nunca mais se víra Abdu-r-rahman sorrir. O sangue de tantos mussulmanos vertido pelo ferro do algoz, e sobretudo o sangue de seu proprio filho descêra como a maldicção do propheta sobre a cabeça do principe dos crentes. Entregue a melancholia profunda, nem as novas de victorias, nem a certeza do estado florescente imperio o podiam distrahir della senão momentaneamente. Encerrado durante os ultimos tempos da vida no palacio de Azzahrat, a maravilha d’Hespanha, abandonára os cuidados do governo ao seu successor Al-hakem. Os gracejos da escrava Nuirat-eddia, a conversação instructiva da bella Ayecha, e as poesias de Mozna e de Sofyia eram o unico allivio que adoçava a existencia aborrida do velho leão do islamismo. Mas apenas Al-gafir o triste se apresentava perante o kalifa, elle fazia retirar todos, e ficava encerrado horas e horas com este homem, tão temido quanto venerado do povo pela austeridade das suas doutrinas, prégadas com a palavra, mas ainda mais com o exemplo. Abdu-r-rahman parecia