Página:Lendas e Narrativas - Tomo I.djvu/63

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“Pouco a pouco Umeyya começou a rellectir. Era Abdu-r-rahman quem o offendêra. Para que tanto sangue vertido? A sua vingança fôra a de uma besta-féra; fôra estúpida e van. Ao kalifa, quasi sempre victorioso, que importavam os que por elle pereciam? O kaid de Chantaryn mudou então de systema. A guerra publica e inutil converteu-a em perseguição occulta e efficaz: á forca oppoz a destreza. Fingiu abandonar os seus alliados e sumiu-se nas trevas. Esqueceram-se delle. Quando tornou a apparecer á luz do dia ninguém o conheceu. Era outro. Vestia um burel grosseiro; cingia uma corda de esparto; os cabellos cahiam-lhe desordenados sobre os hombros e velavam-lhe metade do rosto: as faces tinha-lh’as tisnado o sol dos desertos. Corrêra o Andaluz e o Moghreb; espalhara por toda a parte os thesouros da sua família e os próprios thesouros até o ultimo dirhem, e em toda a parte deixara agentes e amigos fiéis. Depois veio viver nos cemiterios de Korthoba, juncto dos porticos soberbos do seu inimigo mortal; espiar todos os momentos em que podesse offerecer-lhe a amargura, as angustias em troca do sangue de Mohammed-Ibn-Isbak. O guerreiro chamou-se desde esse tempo Al-gafir, e o povo denominava-o Al-muulin, o sancto fakih...”