Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/288

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Eis-ahi porque não descrevo a festa. Era especular descaradamente com os leitores: era como se ao Bartholomeu se lhe mettesse em cabeça ir ensinar o ceremonial romano ao incomparavel Fr. Narciso.

E que terá Fr. Narciso, que já escarrou duas vezes, já se assoou quatro, já bufou seis, já arregalou os olhos para o corpo da igreja oito? É que as attenções estão distrahidas. Fortes brutos! Uma perfeição de ceremonias, que nem na capella sixtina no dia da benção urbi et orbi!—­“Olha o que lá vae! o que lá vae!—­rosnava elle cheio de indignação.—­Aquellas endiabradas... Quem vos decepára as linguas, tarameleiras! Até aqui! Louvado seja Deus! É de mais. Psiuhhhh!”

Tinha razão. Era um zum zum na igreja, que quasi galgava por cima das rebecas; e mais chiavam e desafinavam com alma. O arrastado psiuhhhh de Fr. Narciso restabeleceu, porém, a ordem, que nem n’um motim popular uma carga de cavallaria.

Mas para se restabelecer a ordem é necessario haver desordem. Quero vêr se tambem dizem os parvos que esta proposição é uma das minhas esquisitices, ou excentricidades, para lhes falar na sua algaravia. A cousa tinha saído do logar onde estavam a tia Jeronyma, Perpetua