Página:Lendas e Narrativas - Tomo II.djvu/290

Wikisource, a biblioteca livre

Neste ponto a interessante conversação das duas matronas foi interrompida pelo psiu! raivoso de Fr. Narciso. Não podemos dizer sobre que ella versava, nem aonde iria dar comsigo: e quando n’uma chronica profunda e grave, como esta, faltam fundamentos plausiveis, é dever do chronista ser sobrio, ou antes abster-se de conjecturas. Direi só que ao saír a gente da festa, não havia cão nem gato que não soubesse tim-tim por tim-tim a historia do Manuel da Ventosa e da Bernardina.

Mais moralidade:—­é o que elles tiraram das suas tolas tafularias.

Quando o prior saíu da igreja os rapazes desbarretavam-se, ainda com mais signaes de cortezia e respeito do que era costume; as raparigas affagavam-n’o com um sorrir e volver d’olhos affectuoso, que fazia scismar o bom do parocho. Todos olhavam para elle e falavam em voz baixa. O prior estava zangadissimo.

Mas qual foi o seu pasmo ao vêr chegarem-se a elle muitos velhos de cabeça branca (eram varios lavradores seus freguezes, hourados paes de familia) e beijarem-lhe a mão com os olhos arrasados de agua! Estava fumando. Uma onda se lhe ía outra se lhe vinha de destampar com tudo aquillo, e pregar uma descompostura