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Mas a cousa não ficou nisso só, não. No fim de contas elle falla com senhor, que quer forrar Florinda e casar com ella. Ah! pae Simão, quando eu soube do caso, raiva me ferveo no coração; perdi de todo a cabeça. Desfeitiei o moço, e bati muito na rapariga... Elles fizerão queixa a meu senhor, e eu tive de aguentar... ah! pae Simão... não fallo, não...

— Desembucha, rapaz; deixa de historia...

— Tive de aguentar uma surra de bacalháo, eu, que nunca apanhei nem um coque de meo senhor... Depois de tudo isso elle me jurou que se eu continuasse, me havia de vender para longe. Oh! a cousa é assim, banzei eu cá comigo, pois vou-me embora; não falta quilombo por esses mattos. Arrumei minha trouxa, e aqui estou, pae Simão, ás suas ordens para beber sangue de quanto branco ha neste mundo.

— Sahe dahi, bobo; você é patéta mesmo.

— Como assim, pae Simão?

— Pois você vem embóra, e deixa Florinda que fica lá na mão de branco?...

— Mas se ella está embeiçada com o diabo do mulato, e não havia de querer por nada vir commigo.

— Ah! você é sambanga mesmo, rapaz. Pois ella tem querer. Então feitiço não serve de nada? Quando filha de branco mesmo a gente