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hora?... elle é raposa velha, sabe farejar ao longe... Ha alguma novidade, pae Simão?

— Nenhuma, Zambi; é só este novo parceiro que entrego, e que quer tomar mandinga...

— Está direito!... replicou o Zambi tirando o cachimbo da bocca e fitando com attenção o cabra. Mas, pae Simão, olha lá!... acrescentou abanando a cabeça e olhando o cabra com olhos enviezados; não vá ser algum candougueiro, que nos quer entregar?...

— Dou minha cabeça por elle, senhoria; respondeu lestamente pae Simão.

— Não tenho muita fé em gente desta côr; mas vá feito, pai Simão, já que assim tu queres... mas olha bem; se elle não anda direito, aqui não falta páo nem corda.

— Não tem duvida, senhoria; eu fico por elle.

— Pois então, pae Simão, você que é padrinho delle, dá a elle a mandinga e juramento já.

Seguio-se a cerimonia, a que o cabra se sujeitou pacientemente, lançando todavia olhares desconfiados em redor de si. Pae Simão abrio-lhe com a ponta da face uma leve incisão no peito esquerdo, tirou algumas gotas de sangue, que recolheo em um pequeno saquitel de couro envolto com outros objectos de feitiçaria africana, e depois de bem cosido, o dito saquitel ou caborge foi pendurado por um cordão ao pescoço