Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/106

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— Está bem, basta, Lourenço.

— Você também parece que está com medo, Antonio Luís. Ora não seja mofino, que um homem quando come carne e farinha é para ser duro.

— Eu não tenho medo. Por mim está já assentado que tomaremos os presos das mãos dos malvados.

Os matutos escorvaram algumas armas de fogo que traziam, examinaram os facões e as facas, e puseram-se a espiar o momento do assalto. No outro dia de manhã apontou a escolta na extremidade do caminho. Foi então quem por entre as folhagens que lhes serviam de graciosa e natural moldura, caíram os almocreves sobre os soldados.

Lourenço lutou até não poder mais, até ficar só em campo, e seria vítima debaixo do peso do grande número do bando, se Cosme Bezerra, que chegara a ter um braço livre, não descarregasse uma arma contra o Coronel Braga. Supondo que este ia morrer, as atenções dos bandidos e soldados dividiram-se entre os prisioneiros e o ferido. Neste momento pôde Lourenço escapar-se. O chão estava juncado de cadáveres.

Das onze horas para o meio-dia, um homem, que entrara gacheiro, afastando os matos aqui, unindo-se acolá, para passar sem ser visto, meteu a cabeça por entre as estacas do engenho Bujari, e correu para a casa grande.

Quando o desconhecido, cujas roupas se mostravam rasgadas em alguns pontos, cobertas de sangue em