Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/108

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não sou eu, ela fazia esta asneira, e talvez não vivesse. Mas, quem foi que te pôs neste estado?

— Quis ver se podia livrá-los das mãos dos malvados, minha mãe; mas Deus não quis. Quando já estavam quase soltos, chegou o Tunda-Cumbe com a quadrilha, e não houve meio de vencer. Os meus camaradas morreram quase todos; e eu fiquei jurado pelo Tunda-Cumbe de morrer mais cedo ou mais tarde às suas mãos. Talvez que hoje mesmo ele ainda venha correr esta casa, ou vá à palhoça para ver se me encontra.

— Santo Cristo de Ipojuca! Valei-nos, minha Nossa Senhora da Conceição!

— Olhe, minha mãe, tenha paciência; porque o pior é o que eu lhe vou dizer agora. Eu não tenho medo do marinheiro, mas ele tem muito quem o acompanhe. Por isso acho bom ganhar o mato por alguns dias, até ver se as cousas tomam outra cara.

— Filho de minh'alma, queres deixar-me?

— Lourenço, Lourenço, não nos desampares - disse Marianinha.

— Que resolução é esta, Lourenço? perguntou D. Damiana, quase soluçando.

O rapaz não soube o que dizer. Calado, impassível, confuso, lançava olhares estúpidos de uma para outra das mulheres, que assim recebiam a triste declaração e sua ausência.

— Mas, minha mãe... sinhá D. Damiana... Marianinha... Se