Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/109

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eu ficar aqui, ainda pode ser pior. Se eles me prenderem, se me levarem para o Recife, que será de vosmecês? Eu não vou desamparar esta casa por uma vez, minha mãe; Deus me livre disso; nem tenho coração para fazer semelhante ingratidão. Andarei por aqui mesmo em roda da casa, mas dentro do mato. Se os negócios forem ficando muito feios, irei para Tracunhaém; irei reunir-me a seu Falcão, que já deve ter muita gente junta.

As mulheres ouviram atentas, no maior silêncio, estas palavras, nascidas do sentimento da prudência, que era aliás obra de Marcelina no coração do corajoso jovem.

— Valha-me Deus! disse Marcelina, como quem compreendia que era absolutamente necessário resignar-se à ausência daquele que, com ser filho de outra mulher, se tornara objeto dos seus maternais afetos.

— Ele nos queria valer, Marcelina - acrescentou D. Damiana. Longe estava eu ainda há bem pouco tempo de pensar neste novo revés da minha infeliz sorte.

— Ontem era seu Francisco, hoje é Lourenço que vai deixar-nos - disse Joaquina. Será o que Deus quiser.

— Já não há corda em meu coração que não tenha estalado - acrescentou Marcelina. mas, já que Deus assim ordena, vai Lourenço, mete-te no mato, esconde-