Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/124

Wikisource, a biblioteca livre

engenho os malvados que lhe dão força para fazer tudo o que lhe vem às ventas?

— E o que está você fazendo aqui?

— Aqui é que eu moro. Não sabe que este é o Rancho do Cipó?

— Pois aqui é o Cipó? Aqui é que o ladrão do Tunda-Cumbe tem os seus malfeitores?

— Aqui mesmo. Aí adiante na baixada moram eles. Só eu moro aqui com seu Tunda Cumbe, neste deserto por onde não passa ninguém, com medo de ser atacado e assassinado.

Lourenço estava admirado do que ouvia. Nunca pensara em tal.

— Eu sou mulher - continuou Bernardina; mas assim mesmo, não tenho medo dele nem dos malfeitores; e mais de uma vez tenho feito tenção de deixar este degredo, dê no que der.

— Pois este é o falado rancho do Cipó! inquiriu Lourenço pela segunda vez, parecendo não ter o seu pensamento preso a assunto diferente, ou fingindo-se alheio do que na realidade pusera alerta todos os seus sentidos. Ah! é verdade. Eu vi, quando vinha, as tais casinhas lá embaixo. Em boas estou metido. Venho fugindo do malvado, e caio dentro do seu giqui.

Em poucas palavras referiu Lourenço os acontecimentos em que andara envolvido de manhã, a luta com o Tunda-Cumbe, o juramento que este fizera de vingar-se dele, enfim, as circunstâncias que davam