Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/126

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safados que compõem a sua quadrilha. Mas desta feita o meu destino será outro.

— Eu estou aqui desde que ele me roubou do Bujari. Não viu você a mulher que estava comigo e ficou de voltar? É a caseira do Pedro de Lima, que ele encarregou de me espiar.

Lourenço ficou silencioso um instante, como quem refletia.

— Agora, disse depois, a ocasião não é das melhores para ir comigo, porque não vou para o Cajueiro, vou até fugindo dele.

— Não me diga isso, Lourenço, tornou Bernardina pesarosa. Não o deixarei sair sem me levar em sua companhia. Ainda que vá para o inferno, irei com você, porque tão cedo não se há de oferecer outra ocasião.

Depois de novo instante de silêncio, disse o rapaz:

— Quer tomar um conselho? Deixe-me ir primeiro aonde tenho de ir, a Tracunhaém, a ver se dá algum jeito para livrar-se da prisão seu Cosme Bezerra e os irmãos. Na volta passarei outra vez por aqui, e então você irá comigo.

— Ora, Lourenço! disse a rapariga ainda mais magoada. Você está com isso para se livrar de mim. Sou uma desgraçada.

Os olhos da gentil matuta, há pouco tão cheios de alegres brilhos, inundaram-se de tristeza e lágrimas.