Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/136

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— Estou quase voltando - disse consigo, ao cabo de alguns minutos de reflexão.

Pouco depois, tomada a resolução, acrescentou:

— Ora! Aconteça o que acontecer. Para os perigos é que são os homens.

Não se demorou mais. Com pouco, estava junto da janela que se abriu tanto que ele chegou, para deixar aparecer o rosto da gentil rapariga, mais sedutor do que nunca, porque se mostrava agora orvalhado de lágrimas, como as florinhas do campo estavam nadando entre as águas da noite.

— Eu logo vi que você não havia de se ir embora de um vez sem me dizer adeus, Lourenço - disse ela, recobrando, com a vista do rapaz, o fulgor da sua natural expressão. Lourenço aproximou-se mais, e perguntou-lhe à meia-voz:

— Bernardina, você ainda está no parecer de me acompanhar?

Como ouvira a voz da sua salvação, a rapariga, erguendo-se sobre as pontas dos pés, inclinou-se para fora, e, estendendo os braços como quem queria prender o almocreve, respondeu num assomo de entrega, filho de absoluta confiança.

— Pois ainda pergunta, Lourenço?

— Então venha depressa, antes que chegue alguém - tornou ele. Eu bem sei que vou correr grandes perigos; mas por seu respeito, cometo tudo. Que