Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/138

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Passados momentos, acrescentou:

— Que prazer vou ter, meu Deus! Há tanto tempo que não vejo minha mãe e minha irmã. Chegaremos hoje à Goiana?

— A Goiana! Pois eu não lhe disse que a nossa viagem não é para Goiana? Se eu voltasse ao Cajueiro ou a Bujari, era o mesmo que ir meter-me na boca da onça.

— E para onde vamos nós?

— Vamos... vamos para o sul - respondeu Lourenço, com voz hesitante. Eu estava me lembrando agora mesmo de um lugar onde podemos demorar algum tempo sem grande risco. Vou cortando para Jaboatão. Aí mora seu Amador, irmão do defunto João da Cunha: Deus se lembre de sua alma. Os Camarões deram-lhe no engenho, e ele, coitado, está preso no Recife; mas como ninguém nos conhece nem a mim, nem a você em Jaboatão, podemos ficar aí mesmo pelo engenho, ou em alguma casinha por perto, até vermos tudo isto em que dá.

— Ora! disse Bernardina. Estava já tão satisfeita de ver os meus de hoje para amanhã!

— Mas que lhe parece, Bernardina? Não acha que meu plano é bom?

— É bom, Lourenço. Que havemos de fazer? Para mim, tendo saído do poder do Tunda-Cumbe, todo lugar me serve para moradia, enquanto não chega ocasião de reunir-me outra vez com minha mãe.