— Muita raiva tem você do Tunda-Cumbe.
— Nem na hora da morte lhe hei de perdoar o que ele me fez contra a minha vontade.
— E por que você não fugiu logo? Nunca achou uma ocasião?
— Nunca. Nos primeiros tempos, Tunda-Cumbe deixava sempre no rancho muitos espiões. Eu não era senhora de sair no terreiro sem ser acompanhada. Fui pouco a pouco perdendo a esperança de voltar para a companhia da minha mãe. Além disso, o Tunda-Cumbe disse-me uma vez que ela se tinha mudado de Goiana, e estava em outra terra muito distante. Então tive paciência. Quando reconheci você ontem de tarde, Lourenço, estava longe de cuidar que você havia de aparecer por estas paragens.
— Ele nunca lhe falou em se casar com você?
— Casar-se comigo? quem? o Tunda-Cumbe? Malvado! depois de ser um parteiro na sua terra, e vendedor de peixe cá, está fidalgo. Ele havia de casar-se com filha de gente pobre?
— E se houvesse quem o obrigasse a casar com você, era do seu gosto o casamento?
— Eu não quero casar-me com semelhante diabo, renego dele! Quem quiser que o tome para si, que eu passo muito bem sem ele. Um diabo que matou meu pai!
Lourenço deixou correr um instante em silêncio, e tornou depois: