Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/142

Wikisource, a biblioteca livre

ninguém nos ouve; estamos sós neste deserto, e podemos fazer o que quisermos.

— Eu só me casava com você, Lourenço, se tivesse a certeza de uma coisa.

— Que é?

— Só me casava se você jurasse nunca mais voltarmos ao Cajueiro.

— Mas por que não havemos de voltar?

— Por quê? Pois você acha que eu teria cara para aparecer como sua mulher diante de minha mãe e de Marianinha? Se jura que não havemos de voltar lá nunca mais, então sim.

No primeiro momento, Lourenço não soube o que dizer. Compreendeu e achou, além de naturais, muito louváveis os escrúpulos da sua camarada de infância. Desde pequeno na casa do pai, na de Vitorino, nas vizinhanças, o seu casamento com Marianinha considerava-se coisa assentada. Francisco afiançara muitas vezes que esta união havia de realizar-se.

Mas logo depois a paixão, fustigando-o com mais veemência, pôs-lhe no espírito estas interrogações: Por que não havia de sujeitar-se à condição indicada pela moça? Esta condição não estava tão concorde com o tempo? Não ia ele fugindo bem longe, sem saber quando poderia voltar? Marianinha não ficaria solteira, quase certa de não ver realizados os seus sonhos? Enfim, o que Bernardina propunha não era quase a realidade das coisas, na atualidade?