Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/143

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O juramento acudiu aos lábios do rapaz. Se tomasse para a Paraíba, o Ceará ou Piauí, quem saberia mais deles em Goiana? E por que não havia de seguir para um desses lugares estranhos e desconhecidos? Estava assim ele, como ela, na flor da mocidade; ambos tinham grandes energias para o trabalho e a vida; meter-se-iam num retiro ignorado, onde gozariam a existência satisfeitos.

O espírito, ou antes o ânimo de Lourenço, oscilava entre estas idéias de um lado, e aquelas do outro, quando uma lembrança, rompendo como faísca elétrica o nebuloso céu do seu cérebro, o fez empalidecer. Lembrou-se Marcelina e Francisca, seus bons pais, tão ricos de meiguice para ele. Lembrou-se especialmente de Marcelina no momento da despedida, tendo as faces banhadas de lágrimas, rogando aos santos que o protegessem, rogando-lhe que não se esquecesse dela, que esquecê-la era matá-la, não porque precisasse do seu arrimo para viver, mas porque, na sua ausência, o coração dela ficava sangrando de saudades dele, e de sobressalto pela sua conservação.

Saíram-lhe imediatamente dos lábios estas palavras:

— A troco de semelhante coisa, Bernardina, já não quero aquilo que há pouco tanto cobiçava. Deus me livre de não acompanhar minha mãe de perto, a fim de a defender quando ela precisar de ter quem a defenda. Ela fez tanto por mim - você bem sabe - quando eu era pequeno e estava no mau caminho, que a minha primeira