Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/144

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obrigação é dar por ela a vida, se tanto for preciso.

Ouvindo palavras tão consoladoras, Bernardina respirou livremente, e sentiu-se aliviada do grande peso que a oprimia;

— E pensa você muito bem. Era isto mesmo o que eu queria e esperava que você dissesse.

— Mas, observou o rapaz, voltando ao estafado assunto, que tem que vamos viver casados no Cajueiro, na mesma harmonia com todos?

— Está bom, está bom; vamos para diante. Logo falaremos sobre o que você propõe.

Tinham ele descido o declive da planície, e estavam perto do rio Tracunhaém. No lugar onde iam, o rio apenas se dava a perceber pelo medonho fragor das águas. Se não fora este, ainda que por ali se notavam pedras espelhadas, ninguém diria que o tinha a poucos passos de distância mais embaixo. Ficava encoberto por uma orla de árvores espessas de cujos galhos caíam largos panos de samambaia a que um poeta chamaria barbas ou guedelhas daqueles monges seculares. De um e de outro lado apareciam pés de manacá, de cujos ramos pareciam namorar a manhã as flores ora roxas. ora brancas, que lhe matizavam a copa.

O cavalo deu alguns passos, e atravessando, por uma lamacenta trilha, a rústica paragem, achou-se quase