Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/153

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Por alguns momentos ouviu-se, agora perto, depois mais longe, o rude bater dos chifres das reses, uns contra os outros, o som soturno que despedia de si o chão violentamente contundido pelas patas daqueles animais unidos, conchegados, conforme soem correr em semelhantes ocasiões, o estalar dos ramos, o rechinar das folhas, o espadanar das lamas sem empate nem medida, no varjado esplêndido.

Restabelecidos o silêncio e a imobilidade do ermo, os assassinos desceram das árvores, em busca do ferido. Covardes, faltara-lhes coragem para fazerem frente aos animais alvoroçados e infrenes; tiveram-na, porém, de sobejo, para correrem ao tronco de uma árvore que, com um galho baixo e curvo, sob o qual se metera Lourenço, e que os bois na corrida haviam saltado, o protegera e o salvara.