Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/166

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— Vou fazer vinte e dois anos.

— É uma idade casadoira, e não sei porque ainda está solteiro.

— Como me hei de casar? O que eu ganho mal chega para mim e para minha mãe.

— Não seja esta a dúvida. Tens-me prestado muitos serviços, e eu não desgosto de ti, porque és um bom rapaz. Venho em teu auxílio. Procura uma rapariga que te agrade, que te darei gado e terras bastante para principiares uma fazendola.

Cipriano, que nesse momento batia no ubre de uma vaca a fim de chamar o leite, ergueu-se e pôs o olhar no seu interlocutor, com quem perguntava se nas palavras proferidas estava uma promessa real e séria.

— É o que te digo - retorquiu o padre. Procura uma consorte. Mas parece que em toda esta redondeza não encontrarás nenhuma. Verdade seja - prosseguiu - que para este inconveniente teríamos um remédio ao pé de nós. Olha lá. Tu salvaste Bernardina das unhas dos bandidos, atravessastes com ela os matos e o Tracunhaém, expuseste por ela a tua vida em terra e nas águas, porque o Andorinha, tanto que deu pela falta, entrou a rastejar a fugitiva, para ver se a descobria. Ora, à vista de tanto risco que correste, de tanto esforço que puseste em salvar esta menina, justo parece que ela sinta por ti, senão afeição, ao menos qualquer inclinação, que possa vir a ser no futuro um respeitável amor conjugal. Que dizem vocês?