Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/168

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Bernardina, junto do chiqueiro das cabras, disse-lhe estas palavras:

— Pense no que faz, sinhá Bernardina. Olhe que manhã bem cedo tem de dar a resposta a seu João Mates.

— Eu já sei que resposta hei e dar.

— Qual é?

— Você quer saber?

— Quero, sim, porque tenho meu interesse aí também.

— Pois amanhã saberá e talvez o seu interesse tenha a sorte de ovo goro.

E fugiu para dentro da casa. Mas antes de anoitecer de todo, teve ela de ir ao poleiro buscar uma galinha para Lourenço; e quando se aproximava do jirau onde as galinhas dormiam, viu tomando chegada, um vulto que veio para junto dela. Era Cipriano, que, segundo indicavam as aparências, não pensara em outro assunto durante o dia, senão no casamento, e andava rondando a rapariga.

— Então, sinhá Bernardina, que decide você? perguntou ele, pegando de surpresa, da mão da filha de Vitoriano.

A rapariga estava triste. Em lugar da natural vivacidade, que não perdiam nos mais arriscados transes, tinham seus olhos uma expressão de mágoa íntima. Em seu espírito operara-se uma revolução, cruel e