Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/171

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depois, com os cuidados que se julgava obrigada a prestar, e de feito prestara ao rapaz em sua longa doença, a voz íntima fora pouco a pouco abafada pelo sentimento nascente: e este resultado chegara a tal ponto que o sentimento avultara, se tornara força quase invencível, e a consciência, posto que nunca inteiramente vencida, transigira por último.

O amor contrariado torna-se indagador e discutidor. Bernardina, antes de responder ao fazendeiro, pensara no caso.

— Que interesse tem seu João Mateus em me ver casada com Cipriano? Ele não é seu filho, não é seu irmão, não é seu parente, não é nada seu: donde vem este empenho? Eu bem estou vendo que o casamento não é mau, e até não desgosto de Cipriano, que não é feio, é trabalhador, e tem o gênio muito brando. Também estou vendo que a minha pouca sorte, entregando-me a seu Tunda-Cumbe, aumentou a minha desgraça. Mas quem sabe se assim como fui desgraçada com Tunda-Cumbe, não poderei vir a ser feliz com outro homem que não seja Cipriano? O melhor é dizer a verdade a seu João Mateus, já que ele não compreendeu ainda que eu gosto de Lourenço e Lourenço gosta de mim. O melhor é dizer-lhe que eu quero bem a Lourenço, e que só com ele me casarei.

De acordo com esta ordem de idéias, a rapariga deu ao padre Antonio a resposta seguinte:

— Eu não quero casar-me aqui. Lourenço, quando