Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/189

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por tíbio luar, e especialmente porque estava Lourenço trajado muito diversamente do costume, pois trazia chapéu de palha fina, burjaca preta, calças de ganga, botas de polimento, onde retiniam esporas de prata; numa palavra, Lourenço não era mais o matuto chão, descalço e vulgar como quando fugira de Bujari para não cair nas unhas do Tunda-Cumbe.

Toda esta transformação, como bem se compreende, era devida ao padre Antonio que, na hora da partida, brindara ao filho com aquele fato novo, o seu cavalo mais forte que tinha, o selim e arreios do seu uso, alguns trajos caseiros que chegavam exatamente no rapaz, e um cartucho de moedas de prata, não sem recomendar-lhe primeiro que fosse tratando de se apresentar mais dignamente, para que tivesse a consideração dos homens de bem; que deixasse a vida errante, e se empregasse em trabalhos estáveis; que fugisse de batebarbas com quem quer que fosse enfim, que se desse o respeito para que qualquer malfeitor não se julgasse no caso de lhe fazer o que os três malvados haviam praticado com ele semanas antes.

— Se tu não andasses com mulheres dos outros na garupa, não havia de acontecer o que te aconteceu.

Por último, disse-lhe o padre Antonio:

— Até aqui, tenho somente tratado de ti; quero agora dar-te instruções que se ligam com o meu interesse. Ainda uma vez te encomendo, Lourenço, que a ninguém, exceto Marcelina, te suceda declarar o