A rapariga inclinou a cabeça. Não teve outra resposta senão o silêncio e as lágrimas.
— Não chore, tornou-lhe o rapaz. Não sei o que querem dizer estas lágrimas.
Esta fingida e calculada ignorância de Lourenço, irritando os melindres da matutinha, deu-lhe ânimo para retorquir, com a cabeça erguida, em atitude de quem exprobrava:
— Querem dizer que a sua ingratidão atravessa o meu coração como faca de matador; Bernardina, desgraçada no princípio, vai ter um marido, vai ter sua casa; eu sou mais desgraçada do que ela, porque estou vendo me roubarem aquele que me pertencia.
— Eu nunca lhe pertenci, Marianinha.
Dizendo isto, com maus modos, deu o andar, deixando a rapariga sem pingo de sangue nas faces, porque todo ele lhe refluíra ao coração pela impressão nervosa.
No dia seguinte, Lourenço não a encontrou ali; mas, no outro, lá estava, quando ele atravessou a estrada, mais tarde do que costumava.
Logo que seus olhos deram na filha de Joaquina, Lourenço encaminhou-se diretamente para ela, e, com modos ainda mais rudes do que da outra vez, falou-lhe neste termos:
— Marianinha, não faça mais isto, não faça. Devo-lhe alguma coisa, para você ficar aqui à espera?
— Não me deve nada, mas quero vir vê-lo.