Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/220

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discernimento. Com a violência que tinha quando lhe chegavam estas temíveis manifestações da índole bravia, pegou no braço da rapariga, como se fora um galho de árvore que quisesse arrancar.

— Lourenço! gritou ela aterrada. Que é isto, Lourenço?

— Ainda pergunta?

A voz soturna foi um novo motivo de pavor para a rapariga,

— Não lhe disse que não viesse mais aqui?

— Foi o ciúme, o ciúme...

— Ciúme! - clamou ele irando-se cada vez mais - Se para me ver livre de quem tanto me aborrece, for necessário fazer uma morte, hei de fazê-la, hei de fazê-la.

— Não me mate, Lourenço - suplicou a rapariga em pranto.

— Mato-te, sim. Não quero mais enxergar-te diante dos meus olhos.

Vendo no mesmo instante, luzir a faca na mão do almocreve, Marianinha empregou os esforços que pôde para soltar-se. Lourenço correu atrás dela, e chegou a feri-la covardemente pelas costas. O mais vil assassínio ter-se-ia consumado, se a rapariga não alcançasse logo a palhoça.

Lourenço parou à porta, enquanto Marcelina e Joaquina tomavam nos braços a moça banhada em sangue.