— Que loucura foi esta, Lourenço. Dize-me, por que fizeste esta ação tão feia? Virgem da Conceição! E eu que cuidava que estavas curado do teu mal natural, desgraçado filho.
De outro lado, Joaquina, indignada, horrorizada, dizia, com a valentia das mães ofendidas:
— Pela minha benção, te peço, filha, que não olhes mais para este homem. Esquece-te dele, filha de minha alma.
Lourenço esteve um momento em silêncio, contemplando a sua triste obra. Pouco a pouco, a sua exaltação foi moderando, a sua loucura transitório foi cedendo lugar à consciência.
Caiu em si. A palidez dos finados tomou-lhe as faces. Enfiado, envergonhado, arrependido, deu o andar para onde estava Marcelina, e disse-lhe, pondo as mãos, em atitude de quem suplicava:
— Não chore, não chore, minha mãe. Estou arrependido.
— Pois não hei de chorar, quando te vejo dar tão triste cópia de ti?!
— Perdoe-me, minha mãe. Eu sou um animal, uma fera. Não pensei no que fiz. Tudo isto se acaba, deixando eu o Cajueiro. Vou-me embora, vou-me embora. Se eu já tivesse ido em busca de meu pai, não aconteceria isto agora.
Abraçou Marcelina e saiu enxugando os olhos.