Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/227

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Amador prosseguiu:

— Com a chegada do desembargador Cristovam Soares Romão, que veio substituir Bacalhau, a sorte dos nobres, se não piorou, não melhorou. Tínhamos visto passar os pés de um cadáver com um sovelão, para verificarem se a morte fora real ou mentida, como fizeram ao respeitável capitão-mor João de Barros; tínhamos visto meterem no subterrâneo das Cinco-Pontas o licenciado David de Albuquerque, porque "sendo advogado insigne e perfeitíssimo, conhecido por tal, e finalmente homem grande nas letras, temeram o governador e o ouvidor que por seu conselho viessem a pagar o mal que a tantos sem razão estavam fazendo - um homem quase morto, chagado e sem mãos para servir-se; tínhamos visto mandarem matar o crioulo do Capitão Nicolau Pereira, cortarem-lhe a cabeça, levarem-na ao ouvidor, e receberem deste 3$ de gratificação, por haver aquele crioulo - instrumento da justiça divina - tirado a vida ao malvado bandido Pedro de Lima.

— Pedro de Lima! exclamou a viúva . Já me pagou os insultos e ousadias.

— ... Tínhamos visto todas estas estranhezas, sem contarmos as prisões, os seqüestros, os despotismos contra a nobreza; e parecia-nos que o novo ministro, conquanto de muitos conhecido por apaixonado e ambicioso, viria pôr cobro a tamanhos desatinos; mas os males não tiveram termo, prima; a ambição e o ódio não desapareceram