Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/230

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Em idêntica recordações levou Amador o resto do dia.

Na manhã seguinte, deixando o campo das divagações, e mostrando-se mais ligado aos interesses da família, disse à cunhada:

— Não lhe parece ser tempo de tratarmos da nossa ida?

— Devo dizer-lhe, Amador, que, perdendo meu marido, encontrei uma proteção amiga - respondeu D. Damiana.

— Esta declaração encheu-me de satisfação; mas devo também dizer-lhe que, vindo a Goiana, não tenho outro fim senão levar você comigo para o seio de minha família, que não é senão a sua mesma,.

D. Damiana não disse uma palavra. Notando este silêncio, acrescentou Amador:

— Esteja pronta no mais breve tempo que for possível. Precisam muito de mim no meu engenho. Não posso demorar-me aqui senão o tempo necessário aos aprestos da partida.

— Primo - tornou-lhe D. Damiana - muito lhe agradeço o seu desvelo; mas não estou resolvida a deixar Goiana. Por que razão deixarei a terra onde nasci? Bem sei que estou pobre, porque tudo me roubaram os perseguidores da nobreza; mas, bem depressa me conformei com a adversidade e vivo hoje tranqüila neste ermo, sem outra cobiça senão a de continuar viver nele. Você não conhece os tesouros de ternura das pessoas que me receberam na sua