Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/236

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palhoça, onde foi encontrar Marcelina chorando. Com a sua presença a cabocla reanimou-se.

— Não imaginas o que tem acontecido nestas vinte e quatro horas. Joaquina com a Marianinha mudaram-se das nossas vizinhanças; e sinhá D. Damiana segue de madrugadinha para Jaboatão. O Cajueiro vai ficar bem triste. Quanta novidade em tão pouco tempo, sem a gente esperar! Felizmente, vejo-te ao pé de mim, filho.

— Que lhe disse sinhá D. Damiana, minha mãe?

— Saiu há pouquinho daqui. Ia banhada em lágrimas. "Nunca julguei - disse-me ela - que havia de passar por este golpe. Tinha para mim tão resoluto o meu destino!! Mas, que hei de fazer, minha boa amiga? Amador é duro. Falou-me em nome da memória de meu marido. Disse-me que se eu o não acompanhasse, cobrir-me-ia de infâmia; que os mascates, para menoscabarem essa memória, me levantariam mil aleives. Tenho medo da má fama, muito medo. Além disso, não me pertenço, conquanto pareça que sou senhora de mim; pertenço a uma família. Como havia de ser feliz se não tivesse um nome! Na riqueza não vivi melhor do que na pobreza. Mas, que hei de fazer, senão pagar o tributo que se exige de mim? Nunca me esquecerei de ti, Marcelina, nem de Lourenço". Ah! - disse ainda ela - dize a teu filho que eu lhe quero falar antes de partir.

— Sinhá D. Damiana não sabia que eu havia indo embora?