Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/242

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patriotas que esperam quebrar as cadeias com que pretendem acorrentá-los aventureiros ralados de cobiça; aqui não há escravos, há senhores, que hão de castigar, como a escravos esses estrangeiros, que inculcando-se amigos do povo e atraindo-o a si, têm o pensamento clandestino de tornar-se donos de Pernambuco.

Em um dos primeiros dias de junho de 1714, cortando por manhosas veredas que iam dar na região dos homiziados, onde eram esperados, quatro sujeitos chegaram a um dos pousos.

Seriam dez para onze horas da noite. Chovia copiosamente; as gotas de água, caindo na vasta folhagem da mata, produziam rumor monótono e surdo, que se assemelhava ao do vento nas folhas do coqueiral.

No pouso estava o chefe da liga, que foi o primeiro a recebê-los. Dois deles eram Faustino Figueira e Domingos Gonçalves Freire que, depois de muito buscados pelos bandos do governador, e depois de várias tentativas abortadas para chegarem às matas, tinham realizado o seu intento, auxiliados por mensageiros de Falcão d'Eça. O terceiro era o nosso conhecido Francisco dos Prazeres, marido de Marcelina. O quarto era Saturnino.

O aspecto do pouso era simples. Em um ponto onde os matos haviam deixado um pequeno espaço livre, mostrava-se suspensa, sobre quatro forquilhas de boa altura, uma ramada mais baixa para um lado que para