Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/245

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farda nas costas e pau furado na mão, puderam dar-me leis e obrigar-me a fazer coisas que, em meu juízo e em minha liberdade, eu não faria nunca; Mas agora, lá se avenham; agüentem-se como puderem, que eu, se puder, ajudo a lhes tirar o couro. Estou muito prático no serviço da arma; sou hoje um soldado de patente; podia até ser um sargento-mor. Estou pronto para entrar em fogo, tendo à minha frente "seu" Falcão, que é só em quem se fala. Eu também só falo nele, porque tenho muita fé em quem mostra tanta coragem.

Tudo isto dissera Francisco ao entrar na mata. Parecia ter ganhado aí alma nova, ter recuperado os seus antigos espíritos, e até a sua graça e bom humor natural.

— Capitão - disse Figueira, logo que avistou Falcão d'Eça - trago-vos uma notícia cruel.

— Mais uma que venha não fará mossa na minha couraça. Há dois anos que não recebo aqui notícias de outra natureza, mas dizei-me sempre o que é, dizei logo, sr. Capitão Figueira.

— Tranqüilizai-vos. Não é nada contra as matas de Tracunhaém.

— Contra as matas, retorquiu Falcão, já eles não têm mais nada que pôr por obra. O seu entendimento esgotou-se; digo mal, esgotou-se a sua covardia, a sua perfídia. Somente lhes resta hoje um meio, que a chuva do céu não lhes permite por em prática: é tocar