Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/248

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profanam os lugares sagrados, e arrancam dos santos as jóias que vendem nas tabernas a troco de cachaça ou bertagel; mas que da corte de Lisboa venha semelhante desacato, coisa me parece esta que excede a medida da maldade humana, e bem indica o ódio de Portugal contra a nobreza de Pernambuco.

— A chegada daquela frota não foi de todo má, visto que esta notícia nos trouxe outra com que devemos alegrar-nos. Veio ordem para que devassasse dos levantes o desembargador Cristovam Soares Romão... disse Domingos Freire.

— O Cutia, o Cutia - acudiu Falcão d'Eça... Sim... É boa chita o Cutia. Falas ironicamente, não é assim?

— Não vos pareceu sempre um pouquinho melhor que o Bacalhau, a quem os drs. Ortiz e Brandão deram por suspeito em Lisboa pela sua notória parcialidade a favor dos mascates?

— Melhor! exclamou Antonio Bezerra. Achais pouco o que tem feito? Conheci na Paraíba o Cutia. É capaz de todas as aleivosias, e o tempo vai mostrando se eu não tenho razão. Ah! pensais que nos há de chegar de Lisboa coisa que preste?

Falcão concentrou-se um momento, enquanto os companheiros praticavam de vários assuntos relativos ao ponto principal.

Domingos Freire, que era dotado de gênio jovial, quando os outros consideravam o assunto pelo lado sério, atraiu a atenção