Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/252

Wikisource, a biblioteca livre

Quando cessou o estrépito do aplauso, Domingos Freire, voltando-se para um lado, gritou:

— Ó Francisco, traze logo o carneiro.

Francisco entrou, quando ainda soavam estas palavras, no pequeno espaço esclarecido pela fogueira; mas em lugar de carne, o que trazia era um homem agarrado pela véstia. Com grande esforço pudera arrastá-lo até ali. A luta fora tão renhida que parte da camisa do matuto vinha em pedaços.

— Tomem conta do cabra, que já não posso comigo mesmo!

Assim dizendo, atirou para o lado da fogueira com quantas forças lhe restavam o desconhecido, e, por não se poder ter mais em pé, caiu para o outro lado.

Em menos de um minuto o desconhecido estava cercado por todos os que de perto, ou de longe, haviam testemunhado a inesperada cena. Alentada a fogueira de propósito, para que pudessem ser bem reconhecidas as feições do espião, puseram-lhe as cordas, e amarraram-no ao tronco de uma árvore.

Havia por esse tempo no Recife uma mascate de nome Gregório, muito protegido por um europeu chamado Afonso Maciel, de todos temido. Quando o Camarão, primeiro sustentáculo dos mascates ao sul da província, entrou no Recife para visitar Félix José Machado, chegado de há pouco, muito escândalo ocasionou à nobreza Afonso Maciel com os vitupérios e convícios que para ela teve.