Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/254

Wikisource, a biblioteca livre

vida, para que não tramasse novo levante, e de uma vez para sempre ficasse ensinado. Fora dito isto depois de larga comezaina e de copiosos licores que lhe deveram perturbar a consciência; mas, no outro dia, camaradas exaltados lembraram-lhe o juramento feito no dia precedente, e foi isto bastante para que Afonso Maciel o ratificasse. Entre os baixos sequazes dos mascates, aqueles que percorriam em continuadas jornadas o sul da província, não havia um só que não soubesse entrar nas matas de Tracunhaém e chegar até a região onde não corria risco inspeção estranha, porque constituía domínio do público; mas dentre tantos que chegavam até terreno ou campo neutro, nenhum se arriscara jamais a dar um passo para adiante, temendo, não sem razão, cair na emboscada do célebre chefe da liga.

Gregório, porém, levado por sequazes conhecedores das veredas, animou-se a penetrar nas que eram suspeitas; e com a coragem dos instrumentos da sua condição, deixara-se ficar em paciente observação, oculto pelos matos, na entrada de uma dessas veredas, aguardando meio de penetrar no segredo.

Duas desgraças esperavam-no porém ali. A primeira foi Faustino Figueira acertar, com os companheiros, de tomar pela mesma vereda para o pouso. Gregório acompanhou-os, servindo-lhes eles, sem o suspeitarem, de guias no intricado labirinto dos matos, e nas trevas da medonha noite de inverno.