Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/284

Wikisource, a biblioteca livre

que a muitos desastres, quiçá, dará lugar,se a nobreza quiser tirar dele todos os desforços a que ele se presta.

— Eu já tive ocasião de declarar ao sr. governador - disse o Bacalhau - quantos males devíamos esperar de Antonio Albuquerque. Durante os dezoito dias de sua estada em Pernambuco, donde é natural, não o deixaram desacompanhado um só instante os seus parentes e conterrâneos. Sabido é que nada do que se passou lhe foi oculto, e que ainda não satisfeitos com isso os mazombos, grandes invenções lhe meteram na cabeça. Conta-se que de tantos documentos, cartas, requerimentos e informações o fizeram portador para os homens que mais representam diante d el-rei, e até para el-rei mesmo, que uma grande canastra ainda não chegou para os acondicionar.

— De tudo sei, sr. ouvidor, de tudo sei - disse secamente o governador. Sei mais o que talvez não saiba o sr. ouvidor - que grande parte de uma história da guerra que se está escrevendo, recheadas de mentiras e aleivosias, foi entregue a Antonio de Albuquerque para ser presente a el-rei.

Neste ponto tomou a mão da reformada e disse:

— Mas o que talvez v.exa. ignore, é quem seja o autor desta história.

— Sei tudo, frei Estevam. O autor é o padre Antonio Gonçalves Leitão - acrescentou o governador - que supõe muito resguardado o seu nome da