Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/287

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degolados por sua alta contumácia e desmesurada traição. Muitas cartas foram mandadas daqui a fidalgos de grande porte que não podendo, por estarem longe do lugar onde se passam as coisas, ajuizar devidamente da gravidade delas, dão muito pelo que lhes escrevem uma D. Lourença Tavares, em cujas mãos melhor cabida teriam os bilros do que a pena, se as cartas que ela assina, não se devem ao padre Guerra; um Cristovam de Holanda, poço de altivez inaudita; um Miguel da Rocha, enfim tantos outros, ente os quais mulheres e clérigos, que não conhecem o que devem a seu sexo e a seu ministério.

Depois do silêncio que sempre sucedia às palavras do governador, este, como se acordara de um sonho profundo, volta-se inopinadamente para João da Costa e lhe dirige estas palavras:

— E que nos dizeis vós, padre, dos vossos companheiros que foram na frota com o meu secretário? Qual foi o seu papel em tudo o que vemos? Deveis ter deles recebido prolixos esclarecimentos.

— Os da recoleta, excelentíssimo, preencheram o mandado que os levara à metrópole. Não descansaram ainda, desde que aportaram em Lisboa. Em outra ocasião poderei mostrar a v.exa. o entendido relatório que frei Ferrão me enviou, e onde vêm apontados, pelo menor, os meios empregados para o vencimento da causa, infelizmente já perdida.