Página:Lourenço - chronica pernambucana (1881).djvu/299

Wikisource, a biblioteca livre

araçazeiro para outro, como fazem os beija flores de roseira em roseira, nos jardins.

Pressentindo gente por ali, antes de ver quem era, o cão, mais defensor que caçador, deixou aquela a quem estava prestando seus bons serviços, e correu na direção de Lourenço, com quem deu em um instante. Logo que a mulher que se achava mais perto, viu o rapaz com a camisa cheia de lavores pouco tranqüilizadores, um cacete em uma das mãos, um facão na outra, e as vistas cravadas nela, deixando escapar um grito angustioso, e cair da mão a cuia, correu para onde estava a outra:

— Minha mãe! minha mãe! gritou ela, assusta da e trêmula. É Lourenço! É ele. Corramos, fujamos, minha mãe. Quem sabe se ele não vem matar-me!

— Cala a boca, Marianinha. Quem te disse que é Lourenço? respondeu Joaquina, a qual, pela distância, não pudera ainda distinguir bem as feições do rapaz.

Este reconheceu pelas vozes as suas amigas vizinhas e camaradas.

Penetrante e atroz foi a mágoa sentida por Lourenço, quando ouviu as acerbas palavras da filha de Vitorino. O seu coração já tão castigado pelos últimos acontecimentos, o seu coração infeliz que tinha a sensibilidade nervosa dos enfermos de doença moral, experimentou uma dessas impressões produzidas por